O perigo da inteligência artificial para a prática de crimes
Ex-delegado-geral da Polícia Civil de Goiás, o advogado Alexandre Pinto Lourenço, especialista em investigação defensiva, alerta a população sobre o uso da inteligência artificial por criminosos para adulterar conteúdo e cometer crimes de ameaça e extorsão. Recentemente, o padre Milton Justus, candidato a vice-prefeito de Piracanjuba, em Goiás, foi vítima desse tipo de crime. Os criminosos se passaram por delegados e exigiram dinheiro para não divulgarem vídeos falsos do padre envolvido com drogas. Embora não tenham apresentado nenhum vídeo como prova, as ameaças continuaram, evidenciando uma rede criminosa em ação.
O papel do advogado e a importância de denunciar
Lourenço, advogado do padre Justus, enfatiza que qualquer pessoa pode tornar-se alvo desses criminosos que utilizam a tecnologia para praticar extorsão e ameaças. Ele ressalta a importância de denunciar à autoridade competente, mesmo que haja receio de retaliações. O advogado explica que o crime de extorsão visa proteger o patrimônio e a liberdade individual da vítima, evitando danos econômicos. No caso do padre, fica evidente o aspecto econômico, com a exigência inicial de dinheiro e as tentativas subsequentes de negociação para não divulgar o conteúdo manipulado. A Súmula 96 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabelece que o crime de extorsão se consuma independentemente da obtenção da vantagem indevida. Portanto, o constrangimento e o medo causados à vítima são elementos suficientes para comprovar o crime. É importante destacar que a jurisprudência reforça esse entendimento, considerando que a consumação do crime ocorre quando a vítima toma conhecimento das ameaças com o objetivo de obter vantagem ilícita.No caso do padre Justus, ele não efetuou o pagamento exigido pelos criminosos. Entretanto, as ameaças intensificaram-se nos últimos dias. Além disso, as abordagens criminosas aumentaram após o padre formalizar sua candidatura a vice-prefeito. Portanto, é crucial ficar atento aos perigos gerados pela inteligência artificial nas mãos de criminosos e não hesitar em denunciar a situação às autoridades competentes.